As famílias dos municípios de Bodocó, Ouricuri e Granito, no Sertão do Araripe estão sendo beneficiadas com o ‘Programa Uma Terra e Duas Águas’ (P1+2), com tecnologias de implantação de cisternas, o que garante água potável nas comunidades.
O Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), surgiu em 2007, com a finalidade de complementar um outro programa: “1 Milhão de Cisternas”. Neste são construídas cisternas para captação de água da chuva para o abastecimento familiar em locais de períodos prolongados de estiagem. Viu-se que seria necessária uma outra cisterna, a do tipo calçadão, que também é abastecida com a água da chuva, mas para fornecer água para os animais e pequenas lavouras.
O programa que visa a construção de duas cisternas nas propriedades, daí o nome “Uma Terra e Duas Águas”, tem parceria com a organização não governamental Caatinga e a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), com apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
Segundo o técnico responsável pela implantação dessas tecnologias, Iran de Souza Junior, o grande desafio do programa era trazer melhoria de vida para as famílias. “O grande problema que existia, era como poder armazenar água e garantir que as famílias da zona rural, tivessem água para beber. Mas água somente para consumo não era suficiente para uma vida digna no semiárido, havia também a necessidade de gerar renda”, explicou Iran.
Além das cisternas, existem outras técnicas implantadas pelo programa para garantir o armazenamento de água para os períodos de seca, como os barreiros trincheira e a barragem subterrânea
Até hoje, através do (P1+2), mais de 28 mil famílias ou 143.275 mil pessoas de vários municípios do semiárido já foram beneficiadas cm a ação. Os números são relevantes. Foram construídas 25.917 mil cisternas-calçadão, 8.736 cisternas-enxurrada, 1.053 barragens subterrâneas, 827 tanques de pedra, 503 bombas d’água popular (BAPs), 6.560 barreiros-trincheira e 1.813 barraginhas.
Desde março deste ano os municípios de Bodocó, Ouricuri e Granito estão recebendo as cisternas e demais tecnologias de convivência com a seca. O programa tem duração de um ano e até março de 2015 serão beneficiadas cerca de 303 famílias nesses municípios.
Nesses três municípios, até o momento, já foram construídas 108 tecnologias e a meta para o próximo ano é que cada cidade seja beneficiada com 151 cisternas-calçadão, 111 cisternas de enxurrada, 34 barreiros trincheira e 07 barragens subterrâneas.
Na construção das cisternas o programa custeia a cesta básica, a capacitação, o material de construção, a escavação e mão de obra. A família se responsabiliza pela limpeza do terreno, o auxiliar e oferecer alimentação do pedreiro.
A seleção das famílias contempladas começa com a criação de uma comissão municipal, onde participam membros da sociedade civil, conselho municipal, igrejas, sindicatos e associações. Depois o projeto é apresentado para as famílias dos municípios, seguindo de um processo de escolha das famílias. Estas precisam preencher alguns requisitos, como ser proprietárias do terreno em que residem e se comprometer em acompanhar e ajudar na finalização da tecnologia em sua casa.
Antes da construção das cisternas, as famílias passam por uma capacitação com aulas teóricas sobre a missão da associação no semiárido, como funciona o programa, gestão da água, agroecologia, a não utilização do agrotóxico e políticas públicas.
As famílias passam ainda, por um processo de intercâmbio, conhecem outras comunidades e aprendem como funciona o processo das cisternas, o que facilita o acesso e controle dessa produção. Além de água potável para o consumo, elas passam a ser beneficiadas com o próprio plantio e criação de animais.
“As famílias repassaram para a associação que a qualidade de vida delas melhorou, porque o consumo de alimentos era limitado, antes precisavam se descolar para ir na feira, a comida era somente o arroz e o feijão, hoje com a cisterna dentro de casa é possível ter nutrientes complementares na alimentação”, conta Iran.
Após a finalização do programa nos municípios, as famílias continuam sendo assistidas pelas ONGs que tem convênio com o projeto, como a Caatinga.
Atualmente algumas já fazem a comercialização do que produzem de porta em porta, no comércio e participam do Programas Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), através de contratos com prefeituras locais. (G1/Caatinga)