O Bom Dia Brasil recebeu várias reclamações sobre o Fies - o Programa de Financiamento Estudantil – e o tormento dos estudantes para se cadastrar no site. Agora a equipe descobriu que muitos não conseguem se inscrever porque cada universidade tem uma cota, mais uma regra que ninguém conhecia.
O governo não diz que existe essa cota, esse limite pré-definido, mas afirma que só estão garantidos mesmo os financiamentos para alunos de cursos que tiveram a avaliação máxima do Ministério da Educação no ano passado, a nota 5. Na prática, a maioria dos estudantes tenta, mas não consegue fazer a inscrição.
Expectativa e ansiedade. Na frente do computador a costureira Denise Divino diz que tem tentado há vários dias concluir a inscrição da filha no Fies, o programa de financiamento do governo para estudantes do Ensino Superior. A filha está em outra cidade, Vassouras, onde já começou o curso de medicina, mas até agora, não sabe se vai conseguir o financiamento.
“Dia e noite. Eu não consigo mais trabalhar, só fazendo isso. E quando chega no final, quando vai concluir, diz que o teto financeiro da faculdade se esgotou. Tem que ver para o governo logo mandar resolver o problema do Fies porque assim como eu, são muitos precisando. Um sonho de tantos que querem um futuro melhor”, afirma.
A mensagem que apareceu no site do Fies para Denise tem atormentado estudantes de várias cidades do país. Desde o dia 23 de fevereiro, quando foram abertas as inscrições no programa, as três amigas, alunas de enfermagem que moram em Natal, enfrentam o mesmo problema.
“Várias vezes ao dia. Tem dias que a gente vai dormir de madrugada esperando que o site vai melhorar, mas até agora nada”, diz uma das alunas.
“Na etapa de concluir, que é para chegar uma mensagem de celular com um código para conclusão, a mensagem não chega. E quando ela chega, aparece não concluída por falta de limite na instituição. E eu já procurei a instituição e a instituição diz que tem limite disponível e que é problema do MEC”, ressalta Rafaela Silva.
Fernanda Rodrigues conta que já precisou pegar dinheiro emprestado com a família e o noivo para pagar as duas primeiras mensalidades. “Com a mensalidade eu não tenho condição de pagar. Sem o Fies eu não tenho como pagar”, afirma.
Algumas faculdades particulares não estão entendendo porque há um bloqueio de matrículas para os alunos e dizem que em alguns casos, esse limite está ocorrendo muito cedo, assim que a instituição atinge um número próximo de 30% do total de matrículas do ano passado.
O governo diz que não há bloqueio prévio de inscrições, mas que só estão garantidos os financiamentos para os alunos de instituições que tiraram nota cinco na avaliação feita pelo Ministério da Educação. Para os alunos de faculdades que tiveram nota três e quatro vão ser considerados aspectos regionais. Por exemplo, os estados que historicamente tiveram mais beneficiados no Fies, como São Paulo e Minas Gerais, terão desvantagem na comparação com alunos do Norte e Nordeste.
A presidente da Federação Nacional das Escolas e Faculdades Particulares diz que os novos critérios sinalizam uma redução no número de financiamentos e talvez cortes no orçamento do programa, embora o governo não reconheça isso.
Ela afirma que as novas regras estão sendo divulgadas pelo ministro da Educação agora, de forma confusa, e não foram oficializadas em nenhum documento. “Ele não nos informou deste critério e nem agora está por escrito, então se este critério existe, mesmo que de uma forma intuitiva, ele é totalmente ilegal. Apenas sabemos que não estamos conseguindo confirmar os contratos, 30% apenas e o sistema trava. Imaginamos que alguma coisa tem por trás”, afirma Amábile Pacios.
Ninguém no Ministério da Educação quis gravar entrevista. Em nota, o ministério disse que avalia a demanda dos estudantes, mas só terá um balanço sobre o número de contratos depois do fim do prazo em 30 de abril. Informa também que as regras do programa são claras e que vai priorizar cursos que são importantes para o desenvolvimento do país.
PORTAL G1
0 comentários
EmoticonEmoticon